Como já dizia Fernando Pessoa:
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
O Novo Ensino Médio trouxe um desafio pra lá de instigante nos professores que assumiram o Itinerário Formativo Projeto de Vida: um olhar para si. Sim, pois falar de projeto de vida é falar de uma travessia dos alunos, da comunidade escolar, dos pais, dos gestores, mas também dos professores.
Um processo que começa por um olhar para o projeto de vida individual, e que foi necessário para que se pudesse pensar em repertórios para as aulas e ter um olhar sensível aos adolescentes que tanto necessitavam de um espaço de escuta e diálogo dentro da escola.
No atual cenário educacional a escola não tem conseguido atender as necessidades de formação dos jovens para a sua inserção no novo mercado de trabalho, que exige habilidades complexas e autonomia pessoal. Além de lacunas relacionadas a aprendizagem, os estudantes concluem a Educação Básica sem perspectivas pessoais e/ ou profissionais para a escolha de carreira.
Nesse sentido, a construção de um Projeto de Vida, além de contribuir com o engajamento, tem por objetivo ajudá-los nas escolhas que farão para seu futuro. Nesta proposta, o aluno é o eixo central do projeto que visa o “despertar do sonho” e a organização de um planejamento para a sua realização.
Se compararmos a uma travessia, em alguns momentos houve a necessidade de conhecer o vento, alinhar as velas, recalcular a rota e pensar em propostas engajadoras que estimulassem o autoconhecimento para que os alunos pudessem refletir sobre suas habilidades e sonhos. Além de também revisitarmos nossas concepções docentes para nos apropriarmos do exercício da identificação das habilidades socioemocionais projetadas para o século XXI, afim de que esses alunos incorporem conhecimentos e valores que contribuam para a tomada de decisões e escolhas assertivas acerca de seu futuro profissional. E, também, o exercício do autocuidado, que permitem a compreensão de que as escolhas que fizerem hoje influenciarão o seu futuro. Além, é claro, de instigar a importância da escolaridade na realização dos seus projetos.
Outro aspecto foi um olhar sensível para o processo de avaliação que nesse tipo de trabalho precisa ser diferenciado, sobretudo pela abordagem constante das competências socioemocionais que são aprofundadas nesse Itinerário.
Segundo o projeto CASEL, a aprendizagem socioemocional é parte integrante da educação e do desenvolvimento humano, e um momento importante onde os nossos alunos precisam ser instigados a adquirir e aplicar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que permitam o desenvolvimento de identidades saudáveis, o gerenciamento de emoções e os objetivos pessoais e coletivos, além de ser um espaço para o exercício da empatia, estabelecer e manter relacionamentos de apoio e tomar decisões responsáveis e cuidadosas.
É importante compreender a estrutura do trabalho com essas competências, pois o trabalho com a escola começa no 9º ano, trazendo adaptações importantes para o que os espera no Ensino Médio. A figura mostra a importância de um olhar sistêmico para as competências e, associando ao Projeto de Vida, os conteúdos abordados perpassam por essa estrutura, fazendo com que esse trabalho com as competências seja materializado de forma mais assertiva.
Fonte: https://vilaeducacao.org.br/blog/index.php/casel-atualiza-sua-definicao-de-aprendizagem-socioemocional/ acesso em 28 de out. de 2021
Uma abordagem interessante para as escolas que iniciarão o Projeto de Vida em 2022 é trabalhar pequenos workshops de Itinerários Formativos, trazendo palestras para os pais, envolvendo a comunidade escolar como um todo para que o trabalho seja mais efetivo.
E olhando para 2021, podemos ver que o caminho até aqui foi desafiador, mas que os resultados do impacto da implantação do projeto de vida foram muito gratificantes. Inclusive, tivemos a experiência de realizar um Fórum com uma das redes do Sistema Positivo de Ensino, onde os professores apresentaram suas práticas desenvolvidas ao longo do ano em parceria com o Itinerário Formativo Oficina de Textos, e que reforçaram a importância desse trabalho nessa nova cultura escolar.
Mais uma vez, o Sistema Positivo de Ensino acertou em cheio com um material de extrema qualidade e que vem apontando retornos muito interessantes. Que possamos continuar essa travessia de forma leve e tranquila.
Vamos juntos?
audileia
O NOVO ENSINO MEDIO É MAIS UM DESAFIO QUE NÓS PROFESSSORES ENFRENTAREMOS COM MUITA PESQUISA, OUSADIA E VONTADE DE FAZER ACONTECER.