Olá professores e professoras!

“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza, em fevereiro tem carnaval […]” – Jorge Ben Jor

Esse trecho conhecido de País Tropical, música de Jorge Bem Jor, retrata bem a cultura do nosso país marcado pela festividade carnavalesca no início do ano. Tudo bem que o carnaval já passou e para aqueles que acreditam que um novo ciclo só se inicia após o carnaval, já estamos vivendo um ano novo. Porém, falar de carnaval não é somente falar da festa em si. Por meio dele inúmeras possibilidades podem ser desenvolvidas.

Em 2024, a Portela apresentou seu samba-enredo baseado no livro “Um defeito de cor” de Ana Maria Gonçalves, conquistando o Estandarte de Ouro e levando até mesmo ao esgotamento das cópias disponíveis da obra em diferentes sites.

Ao retratar durante o carnaval a ancestralidade africana e os impactos da escravidão no Brasil, a Portela utilizou do maior espetáculo da Terra para abordar uma temática cada vez mais importante: o antirracismo. E não foi somente essa temática que ganhou espaço na avenida. O saber popular, a luta Yanomami, crenças Tupinambás, cultura Yorubá, a vida de João Cândido, a obra de Alcione e o culto a serpente do reino de Daomé – região da costa ocidental africana -, foram abordados durante os dois dias de desfile do grupo especial das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Nos dias subsequentes ao carnaval, as redes sociais e jornais abordaram extensivamente sobre os efeitos dos desfiles e como eles estavam na “boca do povo”, um belo sintoma da influência dessa festa na cultura popular brasileira. Dessa forma, pensar em sambas-enredos e no carnaval em si, é uma oportunidade de trazer para os alunos do Ensino Médio a possibilidade de conectarem temáticas relevantes da atualidade com aquilo que é celebrado nas ruas do país.

Por meio dos sambas-enredos é possível trabalhar a História do Brasil e utilizá-los como fonte histórica, visando a compreensão de como a temporalidade presente aborda os acontecimentos do passado do nosso país.

Também é possível pensá-los como repertório cultural a ser delineado em redações como a do ENEM, sendo utilizados como argumentos históricos e culturais.

Com isso, o carnaval deixa de ser pensado somente como uma festa e passa a ser entendido como um grande mecanismo cultural do Brasil, com o poder de fazer as pessoas refletirem sobre temas sociais importantes para a vida humana.