Olá, professor e professora!

Hoje, gostaria de compartilhar uma reflexão sobre o tempo, um recurso tão valioso; entretanto, escasso em nossa sociedade contemporânea.

Vivemos em um mundo repleto de atividades, mas, paradoxalmente, vazio de significado, enquanto nos esforçamos para acompanhar o ritmo do tempo que parece sempre nos escapar. Esse dilema torna-se ainda mais evidente quando observamos a rotina frenética e acelerada do ambiente escolar.

Se perguntássemos a todos os membros da comunidade escolar como está o seu tempo, provavelmente ouviríamos respostas semelhantes: professores lamentando a falta de tempo para concluir seus planejamentos, corrigir provas, redigir relatórios e inovar em suas práticas; coordenadores se debatendo para atender pais, professores, famílias e funcionários, tudo ao mesmo tempo, e famílias que mal conseguem encontrar tempo para ajudar nas tarefas escolares, trabalhar e cuidar das responsabilidades domésticas.

Em meio a essa correria, mal temos tempo para reconhecer nossa própria falta de tempo.

Essa é uma realidade que precisa ser discutida, reconhecida, repensada e, acima de tudo, modificada. Mas como isso pode ser feito? Quais ações podemos tomar?

Acredito que não existe uma solução única para um dilema tão complexo. Estamos inseridos em uma sociedade acelerada, artificializada, sobrecarregada e, em muitos aspectos, desumanizada. No entanto, somos também uma sociedade potente, capaz de criar soluções e estratégias para enfrentar tal desafio.

Para começar, sugiro que, nesse momento, concentremos nossa atenção no sujeito mais importante do ambiente escolar: o aluno. Como está o tempo do aluno? Estamos reservando um tempo para refletir sobre isso?
Quando nos referimos ao tempo de que crianças e adolescentes dispõem, penso ser prudente e necessário ir além das simples horas do dia, de modo que consideremos o tempo como uma fase da vida. Será que estamos respeitando essas fases?

Recentemente, li uma citação de Thais Romero, fundadora da Pedagogia Subjetividade, que me fez refletir profundamente: “algumas empresas colocaram piscina de bolinhas na sala de reunião e as pessoas se reuniam dentro dela. A intenção é instigar a criatividade. Vejam que contraditório… As escolas trancafiadas em caixas, com cadeados enferrujados pelo tempo… E o mercado de trabalho promovendo o dia do pijama, do pet, da reunião dentro da piscina de bolinha. Essa é a escassez dos tempos…Roubar das crianças o direito à infância e exigir dos adultos o que eles deveriam ter vivido quando crianças.” (ROMERO, 2023)

Tais palavras ressoam demasiadamente quando traçamos um paralelo com os ambientes escolares, repletos de planejamentos carregados de atividades, intervalos de apenas 15 minutos, avaliações extensas, crianças sendo alfabetizadas com 3 anos, aulas 100% expositivas, ou seja, uma escola acelerada, esgotada, completamente preenchida, sem sequer uma janela livre que permita uma reflexão sobre seus reais objetivos e propósitos.

Entendo que, se conseguíssemos, ao menos, desacelerar o tempo durante o período em que passamos na escola (uma etapa que, embora pareça longa, é efêmera, se comparada com a extensão de nossas vidas), talvez pudéssemos lidar de forma mais equilibrada com os 30, 40, 60, 80 anos que, quem sabe, teremos pela frente.

Bruna Fachini (Assessora Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino)