Olá professor e professora!

Posso afirmar que a maioria de vocês respondeu “sim” a essa pergunta. Portanto, vou mudar a questão: “Seus alunos sabem que você se importa com eles?” E agora? Você está tão confiante na resposta?

Quando falamos da relação professor/aluno, estamos discutindo uma relação diária, intensa e direta, mas que, por diversos fatores, pode não ser tão simples. Em geral, professores e alunos pertencem a gerações diferentes, e as crenças e interesses nem sempre são os mesmos.

Diante dessa realidade, faço outro questionamento: Você acredita que sua relação com seus alunos é harmoniosa? Não é raro encontrarmos professores esgotados, relatando que não conseguiram concluir seus planejamentos devido a turmas indisciplinadas e a alunos desinteressados ou desrespeitosos. Entendo que esse desafio não é simples e que não existe uma solução única para resolvê-lo. Afinal, na maioria das vezes, o problema comportamental vai muito além dos muros da escola e envolve familiares e questões sociais.

Entretanto, hoje, proponho-me a falar sobre algo que pode contribuir, de alguma forma, para amenizar os conflitos e, sobretudo, tornar o ambiente escolar mais prazeroso. Você já ouviu falar de Disciplina Positiva? Acredito que sim. Afinal, existem inúmeros “memes” nas redes sociais sobre o tema. Mas, diferentemente do que a mídia espalha, a abordagem positiva não se trata de deixar crianças e adolescentes fazerem o que quiserem e definirem sozinhos suas atitudes e comportamentos.  Pelo contrário, a Disciplina Positiva valoriza muito o papel dos adultos nessa relação, que atuam como grandes mediadores e, sobretudo, exemplos na escolha de boas atitudes por parte dos alunos. Jane Nelsen, autora do livro Disciplina Positiva em Sala de Aula, nos explica que, em um ambiente que aplica a Disciplina Positiva, “todos têm a oportunidade de expressar opiniões e dar sugestões em um processo organizado e respeitoso. Os alunos aprendem que podem contribuir significativamente para o processo de resolução de problemas e que podem acompanhar o processo até que as sugestões sejam escolhidas. Eles vivenciam o objetivo principal de todas as pessoas – o senso de aceitação e importância”. (NELSEN, 2017, p.4)

Ou seja, todos almejamos nos sentir importantes, e, na sala de aula, isso não é diferente. Existem várias técnicas e estratégias para aplicar a Disciplina Positiva, que não poderiam ser abordadas neste único artigo. Por essa razão, há algumas indicações bibliográficas ao final deste texto, para que você amplie seu repertório a respeito do tema em discussão. Mas, para que você se sinta encorajado(a) (afinal, encorajamento é a grande palavra dentro da Disciplina Positiva), registro aqui algumas reflexões:

  • O seu aluno é um sujeito ativo em sala de aula ou apenas obedece a regras e a comandos previamente estabelecidos?

  • Quando você faz uma pergunta para sua turma, realmente está interessado nas respostas que eles dão?

  • Sua sala de aula é um ambiente desafiador e estimulante?

  • Como você lida com os conflitos? Com ameaças e punição ou focando na resolução dos problemas?

  • Você prefere mandar a perguntar?

  • Você encara o erro como consequência ou oportunidade para aprender?

Esteja sempre certo(a) de que os alunos “ouvem suas ações mais do que suas palavras”. (NELSEN, 2017, p.84)

Implementar a Disciplina Positiva em sala de aula é um processo contínuo de aprendizado e adaptação, tanto para professores quanto para alunos. Ao promover um ambiente em que todos se sintam respeitados e valorizados, criamos as condições ideais para o desenvolvimento acadêmico e emocional dos nossos estudantes. Assim, convido todos a refletirem sobre suas práticas e a buscarem maneiras de integrar esses princípios em suas rotinas diárias. Afinal, uma educação pautada pelo respeito mútuo e pela cooperação tem o poder de transformar vidas.

Bruna Fachini (Assessora Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino)