Olá professor e professora!

O mês de novembro, marcado pelo Dia da Consciência Negra (20 de novembro), tem sido uma oportunidade para trazer à tona a valorização da cultura afro-brasileira nas escolas. Contudo, a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, nos convida a ir além de ações pontuais e a implementar práticas que perpassam todo o ano letivo. Como fazer isso?

Nesse artigo, iremos apresentar sugestões de práticas, projetos e principalmente referências para uma construção pedagógica duradoura e significativa para todos.

1. Projeto “África: Um Continente Diverso” e Pedagogia do Entusiasmo

Inspirado no trabalho da professora e escritora Lavínia Rocha, este projeto oferece uma abordagem rica e interativa sobre a diversidade africana. Utilizando o livro Entre, Corra e Pule: Aventuras (nada) Virtuais pela África, Lavínia criou um plano de aula voltado para alunos do 5º ano que explora culturas, histórias e curiosidades do continente.

O projeto promove atividades que desconstroem estereótipos sobre a África, ajudando os alunos a reconhecerem sua riqueza cultural. Veja abaixo algumas imagens do seu desenvolvimento:

Livro utilizado           confecção de papiros artesanais


produção de passaporte para marcarem os países do continente


produção de arte com argila

Os recursos e materiais podem ser encontrados através do link https://bit.ly/laviprojeto e no perfil social da professora (@laviniarocha).

2. A potencialidade da Literatura Infantil

O livro inspirado no curta-metragem Hair Love (ganhador do Oscar 2020), Amor de Cabelo,é um exemplo poderoso do impacto da literatura no Ensino Infantil, principalmente pensando na prática de contação de histórias. O curta e o livro citado valorizam a estética negra e reforçam a importância de representar a diversidade no cotidiano escolar. Trabalhar com literaturas como essa é essencial para promover o pertencimento de crianças negras e educar todas sobre respeito às diferenças. Você pode acessar o curta através desse link: https://youtu.be/kNw8V_Fkw28?feature=shared

Outras sugestões incluem a coleção Gente Pequena, Grandes Sonhos, que apresenta diversos personagens importantes na história do mundo, incluindo figuras negras inspiradoras, como Martin Luther King e Nelson Mandela, conectando o imaginário infantil a valores de igualdade e justiça. Além deles, a coleção traz pessoas de diversos campos como:

3. Explorando o livro didático de forma inclusiva

Os livros didáticos também são grandes aliados e podem ser usados de forma criativa para valorizar a cultura afro-brasileira. A partir dele, os educadores podem propor atividades e projetos que vão além do livro – proporcionando aulas mais ricas através de metodologias ativas ou outras práticas pedagógicas.

Um exemplo disso vem da Matemática, no nosso livro do 6º ano. O “Osso de Ishango”, considerado um dos primeiros instrumentos matemáticos da história, é uma porta de entrada para explorar as origens da ciência no continente africano. “A Matemática é universal?” “De onde vem a Matemática que aprendemos na escola?” “Ela sempre foi assim?” “Existem outras formas de se fazer Matemática”  – Essas são perguntas que podem orientar uma boa jornada de conhecimento com a turma, a partir dos primórdios da Matemática na África Paleolítica. Imaginem que lindo interdisciplinar é possível realizar com a disciplina de história!


Osso de Ishango, encontrado em 1950


Já no material da Educação Infantil, temos também referências como a culinária, o que abre portas para intervenções pedagógicas muito interessantes. É possível explorar o mundo da culinária em vários países diferentes, comparar, compreender a influência de várias culturas nos pratos típicos do Brasil… quem sabe até promover um dia de mão na massa junto da comunidade escolar?!

Aproveitamos para deixar esse belo artigo publicado no blog da Faculdade de Saúde Pública da USP: https://fsp.usp.br/eccco/index.php/2022/12/15/herancas-africanas-na-cozinha-brasileira/

Conclusão…

Esperamos que essas ideias possam inspirar todos vocês a realizarem esse trabalho tão bonito. Educar considerando todas as relações raciais nos desafia a ensinar com empatia, respeito e consciência histórica, valorizando as contribuições de todos os povos na construção do Brasil – não como uma competição, mas sim como inclusão. Lembre-se: pequenas mudanças podem gerar grandes transformações. E você, professor(a), é parte essencial dessa jornada!

Quer mais ideias? Explore o blog, participe dos nossos encontros e procure seu consultor pedagógico para falar mais sobre o tema e/ou propor outras temáticas. Vamos juntos!

Natalia Diniz
Consultora Pedagógica no Sistema Positivo de Ensino