Professoras e professores!!!

No início do mês de outubro, realizamos uma live que inaugurou uma série de vídeos sobre formação leitora.
Você conferiu? Ao final deste artigo, vamos incluir o link para que você possa acompanhar essa conversa afetuosa sobre livros e leitura.

E você, educador, como tem escolhido os livros para si e para seus alunos?

Refletir sobre essas escolhas e buscar ampliar o repertório é fundamental.

Segundo Lucas Buchile, coordenador pedagógico do Programa de Formação Leitora da Maralto, os critérios para a escolha de livros são amplos. No entanto, ele destaca quatro pontos essenciais:

  1. Escolher livros que o professor realmente aprecia; 
  2. Atentar-se à diversidade de gêneros; 
  3. Garantir a variedade de temas; 
  4. Ter um bom repertório de leituras. 

Oferecer diferentes suportes e materialidades também contribui para ampliar o repertório dos estudantes e enriquecer sua experiência leitora.
Atualmente, utilizamos o conceito de Bibliodiversidade que se refere à diversidade de conteúdos, vozes, estilos, gêneros, formatos, origens culturais e linguísticas na produção e circulação de livros.

A formação de leitores literários é uma tarefa fundamental da escola, mas que ainda encontra desafios significativos tanto na prática pedagógica quanto na compreensão do que significa formar um leitor. A leitura literária não deve ser encarada apenas como um complemento às demais áreas do currículo, mas como uma experiência estética e formadora que contribui para a ampliação do repertório cultural e da sensibilidade dos alunos.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconhece o direito de acesso à literatura desde os primeiros anos da educação básica. No entanto, o índice de leitores no Brasil tende a ser ainda menor sem a intervenção da escola. Isso mostra que, para muitas crianças, o ambiente escolar é o único espaço de contato efetivo com o livro literário, o que confere à escola uma responsabilidade social e cultural indispensável.

Apesar disso, persistem práticas que dificultam ou até mesmo desestimulam o desenvolvimento de uma relação significativa com a literatura. Entre os obstáculos mais recorrentes, estão a falta de tempo dedicado exclusivamente à leitura, acervos desatualizados, ausência de espaços físicos acolhedores e, sobretudo, a pouca formação do professor como leitor e mediador. Muitos docentes não vivenciaram experiências literárias significativas durante sua formação, o que compromete a qualidade da mediação com os estudantes.

Formar leitores, portanto, exige mais do que projetos pontuais ou ações isoladas. É necessário que a leitura esteja integrada ao cotidiano da escola de forma institucionalizada e contínua. A literatura precisa circular não só na biblioteca, mas também em outros espaços da escola: sala de aula, corredores, pátios. Além disso, o envolvimento da comunidade escolar, incluindo famílias e outros profissionais da educação, é essencial para criar uma cultura leitora ampla e viva.

Outro ponto fundamental é reconhecer o papel da imaginação na relação com a literatura, especialmente na infância. Como defende a autora Yolanda Reyes, a literatura infantil deve oferecer à criança um espaço simbólico para elaborar suas emoções, construir sentido para o mundo e experimentar diferentes experiências. 

A leitura literária mobiliza afetos, provoca reflexão e estimula a criação de imagens mentais e possibilidades imaginativas, aspectos que são muitas vezes desvalorizados quando o foco está apenas na interpretação objetiva ou na moral da história.

Para transformar o ambiente escolar em um espaço de formação de leitores literários, algumas práticas se mostram especialmente eficazes:

  • a oferta de tempo regular para leitura silenciosa e autônoma;
  • a realização de rodas de conversa sobre livros, com escuta ativa e respeitosa;
  • a diversidade e renovação dos acervos;
  • a promoção de clubes de leitura;
  • além da valorização do professor como leitor e mediador. 

Não se trata apenas de incentivar o hábito de ler, mas de formar sujeitos capazes de dialogar com a linguagem literária em sua complexidade.

A formação de leitores não pode se limitar à ideia de “ensinar a gostar de ler”. O gosto pela leitura é uma construção que envolve tempo, escolha, liberdade, repertório e, sobretudo, experiências significativas. Quando a escola assume essa missão de maneira consciente, articulada e comprometida, contribui de maneira decisiva para que os alunos desenvolvam um vínculo duradouro com a literatura, não como obrigação escolar, mas como parte de sua vida cultural, emocional e intelectual.

Indicação de leitura:
Ler antes de saber ler: oito mitos escolares sobre a leitura literária


Live Formação Leitora: