Olá, professor!
Para iniciar a temática, uma dica importante é a de revisitar o conceito de Estado com os alunos quando quisermos tratar sobre o papel da ONU. Afinal, considerando que o Estado está relacionado ao ordenamento jurídico de determinado território e que é por meio dele que os governos exercem seu poder sobre o território, vale ressaltar que qualquer decisão da Organização das Nações Unidas soa como recomendação e não uma ordem, considerando o sistema internacional de soberania dos países.
Sendo assim, dúvidas surgem sobre como é a ação da ONU nesses momentos de tensão que o mundo tem vivenciado atualmente. Nesse caso, vale sempre lembrar o contexto da criação dessa organização, seus objetivos e suas limitações. Sua criação ocorreu em 1945, após um período muito delicado da história, das Grandes Guerras Mundiais. E já nasce com um nobre objetivo, que é o de promover a cooperação internacional e, com isso, evitar novos conflitos ou que os desdobramentos sejam graves e gerem problemas para mais países, substituindo o que era a função da Liga das Nações até aquele momento. Desde sua criação já atuou em diferentes frentes. Como exemplo: o organismo contribuiu para o fim do regime segregacionista do Apartheid na África do Sul. Atualmente a ONU coordena 41 missões políticas e escritórios especiais, além de 12 missões de paz no mundo.
Atualmente, diante dos diversos conflitos que o mundo vivencia, acaba surgindo questionamentos do quanto (e como) a ONU pode interferir e auxiliar no processo de paz, sem que haja interferência das grandes potências. E a resposta está na forma como a ONU está organizada, considerando seus principais órgãos: Conselho de Segurança (com quinze membros, sendo cinco deles permanentes e com poder de veto: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), Assembleia Geral reúne todos os membros e cada um possui direito ao voto, Conselho de Administração Fiduciária, Secretariado, Corte Internacional de Justiça e Conselho Econômico e Social. Da ONU também fazem parte importantes órgãos especializados como a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a FAO (Organização para Agricultura e Alimentação), o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre outros. A apresentação dos órgãos se faz necessária para entender como as decisões nem sempre compreendem o que a maioria decide, afinal, no caso do Conselho de Segurança, os países membros permanentes, por terem o poder de veto, acabam dificultando a aprovação de uma medida que seja mais incisiva a favor do fim dos conflitos. Exemplos atuais são as primeiras propostas de cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, que foram apresentadas e não foram aprovadas porque países com poder de veto interferiram nesse processo.
Cabe em sala de aula refletir com os estudantes do Ensino Médio a forma como os países se relacionam, considerando a geopolítica atual e as consequências de suas decisões, especialmente no que se refere às guerras e divergências existentes entre eles. E quando não chegam a um acordo, a ONU poderá desenvolver o papel de mediadora do processo, de modo que haja escuta e resolução/amenização do problema, o que evidencia sua relevância e importância atual, mesmo que não haja poder decisório ou de intervenção direta nos territórios, uma vez que há soberania dos países e isso não pode ser ferida.
Thierre André Monaro – Assessor de conhecimento do Sistema Positivo de Ensino